
Em comum, as conferências trouxeram panoramas internacionais e citaram mais de uma vez a inteligência artificial: pode ser uma aliada, mas enquanto todos os países não tiverem suas normas e proteções de direitos resolvidas e declaradas, o avanço pode demorar para acontecer.
Na PubTech, dados sobre o mercado de leitura online chinês, que cresceu de RMB 20,48 bilhões (cerca de R$ 15 bi) em 2019 para RMB 43,06 bilhões (R$ 30 bi) em 2024. Com períodos de rápida ascensão, moderação (entre 2021-2023) e novamente aceleração, o segmento registrou, só em 2024, crescimento anual de 6,8%.
Na primeira edição da STM APAC, representantes de governos, editoras, bibliotecas, universidades e instituições científicas de toda a região Ásia-Pacífico se reuniram para discutir os avanços, explorar iniciativas, parcerias internacionais – que incluem o Brasil – e modelos sustentáveis de Open Access (Acesso Aberto; modelo de publicação científica em que os artigos estão disponíveis gratuitamente para qualquer pessoa ler e reutilizar), com destaque para o papel estratégico da região na formulação de políticas globais.

Yang Wei, da Chinese Academy of Sciences (CAS), destacou a estratégia “global-local” chinesa para a ciência aberta, bem como o papel do país no cenário editorial internacional. Segundo ele, a China já responde por cerca de 30% de todos os artigos em acesso aberto publicados globalmente, número que reflete tanto os investimentos locais quanto a articulação por meio do CCOS – Comitê Chinês para Open Science, alinhado às diretrizes da Unesco.
Em comum, os representantes de países como Índia, Singapura e EUA apresentaram números, compartilharam suas iniciativas e tocaram nos mesmos dilemas: como garantir o acesso efetivo, como lidar com o custo e sustentabilidade e como entrar em consenso quando as políticas e normas dos países relacionadas ao Open Access são diversas e não uniformes, especialmente no que diz respeito à regulamentação da inteligência artificial.
Em vez de acelerar o processo de abertura, a IA tem levado muitos países a adotarem posturas mais cautelosas, atrasando algumas iniciativas devido à ausência de diretrizes claras.
No debate final, “Práticas de Ciência Aberta impulsionadas pela inovação”, os painelistas foram convidados a escolher o fator mais determinante para o futuro da ciência aberta: entre o compartilhamento de dados, avaliação e incentivos, e apoio financeiro, os últimos dois foram apontados como os mais críticos.
Quando se fala na questão financeira, o tema se relaciona com o Brasil. Abordado algumas vezes durante a conferência – por conta das parcerias firmadas nos últimos anos – o Brasil é considerado referência internacional em Acesso Aberto, apesar de enfrentar os desafios do financiamento e visibilidade.
Desde 2021, o país assinou e se comprometeu com os princípios da ciência aberta promovidos pela Unesco. O país também participa da plataforma latino-americana de repositórios científicos abertos. Além disso, durante a cúpula do G20 realizada no Brasil em novembro de 2024, China e Brasil, junto com África do Sul e a União Africana, lançaram oficialmente a “Initiative on International Cooperation in Open Science”.
Em meio a essas reflexões, a conferência destacou a urgência de superar barreiras linguísticas, promover a transparência na operação dos periódicos e fortalecer os periódicos locais e independentes. A próxima edição da STM Conference já tem sede definida: acontecerá em Frankfurt, em outubro, sinalizando a continuidade do diálogo entre o Oriente e o Ocidente sobre o futuro da comunicação científica.
*A jornalista viajou a convite da CNPIEC.